Curiosidade 2
Dos celeiros ao campo de guerra
Em
algum momento entre os séculos IX e X, um grupo de chineses tentava descobrir o
segredo da imortalidade. Eles acreditavam que era possível atingi-la quando os
princípios opostos da filosofia taoísta Yin e Yang entrassem em equilíbrio no
corpo. Substâncias como o carvão e o enxofre eram tidos como ricos em Yang,
enquanto o nitrato de potássio, também chamado de salitre, possuía
características Yin. Não se sabe até que ponto a lenda é verdadeira, mas o
produto que resultou da mistura chinesa se tornou famoso. Ao juntar essas três
substâncias, o salitre fornece oxigênio para que os outros dois queimem de
forma explosiva. Estava inventada a pólvora.
Não
se sabe como a substância chegou à Europa, mas no século XIII já existiam
estudos de como se poderia montar a mistura perfeita. Depois de muitas
pesquisas, chegou-se à fórmula ideal, com 75% de salitre, 15% de carvão e 10%
de enxofre.
O
problema é que o principal ingrediente só era encontrado em minas na Índia e na
Espanha. Os exércitos do século XVIII, que dependiam cada vez mais da pólvora,
precisavam encontrar outras fontes de salitre. Por sorte, a solução estava em
qualquer celeiro.
Cientistas
descobriram que um pó branco que se incrustava nas paredes dos abrigos de
animais era salitre, produzido pela decomposição da matéria orgânica ali
presente. Surgiram então vários esquemas para produzir a substância preciosa,
como depósitos repletos de lixo e esterco, molhados com urina, que eram
deixados para apodrecer. Napoleão chegou a fazer uma lei ordenando que as
pessoas urinassem nesses depósitos e, na Prússia, fazendeiros eram obrigados a
empilhar dejetos orgânicos e guardá-los para a guerra. Essa sujeira só terminou
no século XX, quando os alemães inventaram o salitre sintético.
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